A roubada do rufião





Crônica por Belisa Parente


Cuidado, meninas e senhoras. Talvez ele já tenha passado da crise dos 30 ou tenha apenas 26 anos de idade. Sorrateiro, entra no seu cotidiano e vai se encostando. Talvez ele insista em ter um filho com você, ou solte em tom de brincadeira, se colar colou. Use camisinha e tome pílula por via das dúvidas, ele vai te seduzir e fazer do jeito que ele quiser. A conta vai sobrar para você, inclusive se você, por circunstâncias ou aquém das teorias da vida, decidir fazer um aborto.

Há muitos homens oportunistas no nosso escasso mercado. E mulheres sedentas de amor como eu e você. Em um estalo as suas energias estarão concentradas nele, especialmente se você for independente e morar sozinha - o prato cheio é degustado com maestria. O relacionamento nunca finda porque ela é filha de uma rede de supermercados, ou é médica, concursada, pode ser também uma simples jornalista, professora, empregada doméstica, só não pode ser desempregada.

O mundo é um grande hotel e para tudo existe um preço. O corpo paga a diária da alma, pagamos para conseguir dar vazão ao que existe dentro de nós, para nos desenvolver, alimentar o intelecto, ter um mínimo de conforto e lazer. Observo esse parasitismo preguiçoso, esse sistema maquinal, insectum brutal. Mas caso a senhora tenha dinheiro de sobra e queira pagar, tudo ótimo, divirta-se, mas não se engane, ou se engane, como queira...

Ter um homem disponível para muitas também é sinônimo de segurança e poder. Falar “meu marido”, oh!, o ápice do prazer. Você pode até achar que dessa vez é para sempre, mas eles sempre têm outras idiotas engatilhadas, caso você comece a pegar no pé ou a grana aperte. Há quem diga com ar de gênio aguardar uma chance.... ou chore acerolas e se maldiga. Antes as sacanagens, o que mais praticamos é a caridade enquanto eles flanam.

Antigamente os homens diziam soberbos: “Quem paga, manda!”. E as mulheres se tornaram ótimas donas de casas, esposas, mães, educadoras. Hoje, além de arcar com as religiosas contas, ainda somos induzidas à submissão. É preciso separar o sacrifício da mística, o falso do verdadeiro, o arrivismo da ajuda mútua. Estou cansada de crueldades, do oportunismo péssimo de favor, da violência sentimental, do engodo fantasiado de amor. 

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