Tenho águas marinhas dentro do
peito... e flutuam letrinhas divinas. Dou um pulo, consigo agarrar uma
e coloco aqui. Como quem não disse nada, nunca dirá, talvez. Na incerteza das
levadas atiro pedras cada vez mais longe, cada vez mais perto, dou um tiro no
pé e outro pulo. Poupo o coração desenhado na bunda da menina, do menino azul. Deixo
de ler o passado, perco o interesse nas maquinas, nas ondas radioativas. Queria
conseguir entrar no barco, mas nasci para nadar nas correntezas adversas da
vida. Aceito o trabalho e me dedico, redobro a minha resistência ao plantar flores do campo. Êta labuta pra me dar alegria. Sinto-me mais viva.
Consertei os quadros tortos dos
casarios, desenhei na parede do quarto a minha sorte, confessei aos espelhos dos
bares os meus erros. Morri de amor nas estradas empoeiradas do sertão para que
a vida fosse altiva, alegre, forte. A trindade desfez os desenganos, vacilou a
boba dor da morte e se esvaiu. Os relógios apressados, atrasados, da natureza morta, como pasto
inflamado viraram cinzas. Pare este ponteiro, seu menino! Vamos saborear o
tempo dilatar nas veias mornas. O louco na sua pura realidade rouba uma
coxinha, senta num canto de parede seboso e se lambuza com alegria. Tento
decifrar o seu sorriso, não consigo, mas ao ver sinais da idade alguma coisa me
dói.
Enforquei os meus pés dentro de
botas, joguei-las longe e segui descalça sobre pequenas rochas. E nos parques verdes do destino, me entreguei ao medo e fiz dele
coragem. Vomitei nos pés de César um pergaminho, dei nó em Holofernes. Ademais
as fábulas do povo tão etéreas, me divirto com as línguas maledicentes. O
plural antes do verbo dos caminhos, agrestinam o ar sagrado e seco das
andorinhas. Para não perder o trato e apaziguar as grosserias, me afasto do
nefasto cargo dos desatinados. Se é verdade que a solidão ensina, refino alfenins e cachimbos de mel no alto da colina.
* Foto: Belisa no Caldas.
Que beleza Belisa. Gostei muito!
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