Essa coisa



Espero por algo que simplesmente se encaixe, entre em sintonia natural, como um relógio de movimentos espontâneos. Não pode ser objeto de cobiça, nem falso. Não é robô, essa coisa não é máquina. Parece uma célula viva pulsando ininterruptamente por caminhos diversos - com a mão do acaso ou da força do pensamento.

Essa coisa cozinha, morna, deve ser maturada. Única, permanente, plural e pensante... essa coisa é o que vem para completar, para nos fazer sentirmos abraçados pelo mundo e por nós mesmos tendo o outro. É como algo que vem por indução e intuição. É um conjunto maior com outros menores girando, crescendo e diminuindo aleatoriamente. É filosofia cíclica, espirais em céus azuis.

Essa coisa é lunática, como quando o vinho sobe pro coração e os astros nos arrastam. A ciência vestida de humano com luvas de ascese. É teoria que não se prova. Uma chama florescente. E não se deixa sugestionar, influenciar, estigmatizar, essa coisa não se dobra.

Espero por algo que faça sentido sem saber, uma premonição instantânea, um lampejo na consciência morta, um sorriso leve e descontraído de um irmão. Sem o pragmatismo de Peirce, não preciso de provas, essa coisa tem vida própria... é o reflexo de mim.


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