Realidade




O mundo real me toma. Já não há pássaros regozijando-se no jardim, nem o perfume de mameleiro no ar. A candura dos pés de visgueiros agora é apenas o reflexo de mim. A sabedoria dos velhos , conhecedores dos céus, das matas, da terra, está cada dia mais escassa, como as onças no alto da serra. Homem vão. Aprende a viver, a amar.
Tudo aqui é mais cinza, menos verde, azul. Mas ainda assim há o sublime em mim.
A poesia me resta, satisfaz. Minha cabeça é o gás, os sonhos minha espada.
Procuro a beleza dos dias, seja ele como for. Do que me cerca, do próximo. Acho!

Sinto o mundo perto de mim, e eu longe do mundano. Desejo que meu inconsciente se mantenha preso a natura. Lembro do céu liberto, coberto por milhares de estrelas, completamente iluminado – e a lua mansa deitada numa rede tomando banho de sol. Saboreio a beleza das coisas, desperto os segredos do meu coração.

Foto: Felipe Amorim.



Comentários

  1. É ruim voltar pro mundo ''real' né?
    se eu pudesse eu vivia com foi tua viagem

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  2. Compartilho de teus anseisos... a tristeza que bate ao voltar de um acampamento, naquelas horas em que o corpo tenta se adaptar ao insosso amargo urbano...

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